Exemplo de uma sessão de Blood & Honor - segunda parte

Kobura
A viagem ocorre tranquila, acompanhando a costa litorânea, por praias, ou afastando-se delas quando terminam em falésias. Uma parada na hora do dragão numa vila para uma pequena refeição e descanso foi realizada. Partiram novamente com o objetivo de chegar na hora seguinte, a hora da cobra.

A vila destruída foi avistada da alta posição onde se encontravam, sobre uma estrada de pedras que contorcia-se morro abaixo, cercada pelo que deveria ser uma plantação de arroz mas agora estava tomada por ervas daninhas. Ao chegarem lá embaixo notaram algo estranho. No centro da vila, um buraco cavado e ao redor dele recipientes para as cinzas e ossos da cremação. Um trabalho inacabado se o objetivo era enterrar esses receptáculos.

"Atrapalhamos o trabalho de alguém. Espalhem-se e procurem esse coveiro. Ou coveiros.", falou Koburo, com um sorriso no rosto. Quando os homens do general se afastaram, Chokkan desmontou do cavalo, o prendeu num tronco e caminhou até à casa do kami que ficava pregado a um tronco de salgueiro.

Sentou-se e preparou calmamente uma oferenda com frutas, sementes e incenso para o kami da vila, visando acalmá-lo. No íntimo, ele sabia que alguém já buscou fazer isso, ao cuidar dos mortos do lugar.

"Meus homens ou eu encontramos alguém? Eu gostaria de marcar o Aspecto Local Recém Abandonado", pergunta Fábio ao Narrador. "Concordo com o Aspecto e isso é um risco de Astúcia". O Aspecto Local marcado adiciona dois dados bônus que, somado aos três da Astúcia dão a ele 5 dados. Ele aposta dois deles e fica com três dados para seu intento de encontrar alguém. A jogada é 2, 3, 5. Conseguiu um 10 e ele consegue a Prioridade. Fábio assim descreve o resultado do Risco: "Movendo-se entre os restos de duas casas, eu vejo um homem vestindo vestes de monge! E eu uso uma aposta para dizer que ele é certamente de um mosteiro próximo. O mosteiro estaria localizado nas terras de uma província vizinha.", complementa o jogador, usando sua última aposta. "Eu corro paga pegá-lo!", diz Fábio. "Eu diria que isso é um risco de Força, Fábio". "Só tenho Força 2. Muito difícil conseguir um 10", pondera ele. Ele rola os dados e consegue exatamente um 10 com 4 e 6!

"Com minhas mãos nas espadas, aperto o passo numa corrida entre as casas, pulando cercas e atravessando o mato, para alcançar o jovem monge que demonstra desespero com minha aproximação impiedosa e inexorável! Em um certo momento, ele desaba esbaforido e clama por minha piedade. - O que faz aqui mongezinho e porque escondeu-se de nós, oficiais samurais do senhor dessas terras?"

"Senhor, por favor, não se zangue comigo. Me escondi por medo de bandoleiros. Aqueles que mataram o povo da aldeia poderiam voltar.", respondeu o jovem monge budista com a cabeça rente ao solo. "Cheguei na aldeia ontem, vindo do monastério Fujisaka, pedir esmolas como sempre fazemos periodicamente aqui na vila Tanikawa. Quando chegamos, vimos casas queimadas e pessoas mortas espalhadas pelo lugar. Mandei Zako de volta ao monastério para informar o que vimos. É só isso, senhor."

"Mestre, quero saber se o que ele está contando é verdade mesmo. Não exitarei em matá-lo se eu descobrir alguma mentira aí." O narrador diz ao Fábio que é um risco disputado. Ele deve rolar Astúcia enquanto o monge usará Beleza para fazer o samurai acreditar nele. Há dois dados bônus a acrescentar pelo daimyo Cruel pois o risco envolve intimidação, então os dados são rolados: Koburo: 2, 2, 3, 4, 4 e o monge 5, 5, 6! O Narrador ganha a Prioridade de narrar, por pouco: "A história contada é coerente e sincera para você, Koburo. Não há pontas soltas e as expressões corporais e a voz nada revelam de falso".

"Koburo-san, devemos deixar o monge continuar o seu trabalho sagrado. Estamos aqui para descobrir quem foram os responsáveis pelo massacre da vila."
Rikou

"Tem razão, Chokkan-san. Monge, qual o seu nome?", pergunta Koburo. "Meu nome é Ro, senhor"

"Continue o que estava fazendo, monge Ro". Fábio, falando fora do personagem diz: "Narrador, Koburo afasta-se do monge e leva consigo Chokkan para uma conversa reservada. "O massacre da vila, além de uma  desonra, está virando uma vergonha também. Bandoleiros atacam um vilarejo e não são encontrados e seu crime continua impune", Koburo diz para Chokkan.

"E nem um sinal de minha previsão se concretizar. Se de fato o ronin e seus asseclas aparecessem, teríamos uma formidável oportunidade de resolver os dois problemas. Sem falar de um terceiro problema, que é a falta de trabalhadores aqui para cultivar o arroz. Estamos perdendo dinheiro, meu caro general."

"Vamos voltar agora e parar em Togattaishi para uma refeição. Lá conversaremos com o chefe da aldeia e mandaremos ele trazer homens para cá."

Nas cenas que aconteceram na vila de Tanikawa, o Narrador e o Fábio adicionaram a existência de um mosteiro nas redondezas. A ideia dele é usar o mosteiro como abrigo de algum membro do clã que perdeu suas terras para o clã Gekido. Ou seja, além do ronin, que deve ter estado em outras terras, ainda há alguém no mosteiro como seu parente. Essa relação deve ser melhor construída em riscos futuros. A Mariana acabou dando a ideia dele criar uma família da Yakuza dentro da província e o oyabun poderia muito bem ser o ronin. Ou seja, há duas linhas de como o ronin se tornar um antagonista interessante: criando uma rebelião para derrubar o daimyo ou sendo líder de uma Yakuza. Resta saber o que os jogadores gostariam de ver.

"A viagem de volta é tranquila. Vocês param em Tagattaishi e almoçam e depois dão continuidade à viagem. Não houve quaisquer incidentes ou pistas sobre ações de bandidos ou do ronin. Vocês chegam à cidade de vocês (que merece um nome), Kurosuna (areia negra), ao crepúsculo."

"Eu gostaria de conversar com Rikou mas primeiramente preciso de um bom banho e uma comida saborosa.", diz Júlio. "Acho que Koburo seguirá o exemplo do seu, com o adicional de uma boa massagem".

"Durante o banho, vocês recebem uma mensagem da executora, pedindo que façam uma visita a ela em sua casa. Ela oferecerá um chá."

A narração então passa para residência de Rikou. O conselheiro e o general, sentados, observando a executora realizar a cerimônia do chá.

"Chamei vocês aqui para consolidarmos nossas informações antes de nos reunirmos com nosso senhor. Buscando pistas sobre o ronin, acabei descobrindo outra coisa. Há um boato correndo sobre uma casa de jogos secreta em nossa província. Isso me leva a crer na presença da Yakuza em nossos domínios. Isso pode afetar nossos negócios, senhores", Rikou abre os relatos. Então prossegue, "Descobri que jogadores competentes são convidados dentro de nossa própria casa de jogos para irem a essa casa secreta. Um desses jogadores me contou que ele foi lá certa vez mas não sabe onde fica porque foi vendado em todo o trajeto."

"O senhor Kaminari não ficará nada contente com essas notícias. Devo acrescentar à sua infeliz informação que não descobrimos o paradeiro do ronin mas pelo menos fomos pró-ativos em solucionar a queda de produção de arroz na vila de Tanikawa. Trabalhadores de outras aldeias serão designados entre hoje e amanhã para morar lá. Um novo chefe foi escolhido entre uma das famílias de Tagattaishi.", informou o conselheiro espiritual do daimyo.

"Encontramos um monge de Fujisaka enterrando as cinzas dos mortos. Ele foi interrogado e parece  não saber exatamente o que aconteceu à vila. Bota a responsabilidade em algum grupo de bandoleiros. Acontece que ainda não existem bandoleiros para botarmos a culpa e o condenarmos.", diz Koburo.

"O dono dessa casa de jogos clandestina pode ser o nosso bode expiatório", contribui Chokkan, e continua: "Rikou, por favor, qual seu plano para descobrir a localização da casa?"

"Pretendo ir novamente hoje à casa de jogos como um samurai na jornada do guerreiro. Espero que minha habilidade seja reconhecida e eu convidada. Se isso acontecer, precisarei de vocês para seguir nosso rastro e encontrar a casa."

"O plano não parece ruim. Não deve ter outra coisa melhor mesmo.", resmunga o general.

Parte 1





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