Ideias sobre condução de aventuras prontas de D&D para Dungeon World
Dungeon World e sistemas como Old Dragon são perfeitos para adaptar aventuras clássicas de D&D. Mas porque não usar uma versão clássica do próprio D&D? Há pelo menos dois motivos. Para quem já joga D&D, provavelmente não queira converter as fichas dos monstros ou não vá aproveitar a versão para aventuras futuras. Outro motivo seria, aproveitar a existência de um sistema mais leve e com mecânicas modernas e desejar aproveitar para usar em aventuras de versões diferentes do D&D.
Atualmente o DW está entre meus sistemas favoritos quando a vontade é jogar fantasia medieval old school, ou seja, o estilo de RPG original do D&D. Recentemente, juntei um grupo para jogarmos Dungeon World e eu escolhi utilizar uma aventura pronta ao invés de eu mesmo fazer uma, como aconteceu numa campanha anterior em mundo próprio. A aventura escolhida foi a famosa The Temple of Elemental Evil.
Aventuras prontas tem a tendência de serem mais estáticas e darem mais trabalho ao mestre quando os jogadores fogem do script, digamos assim. DW também tem como um de seus pilares o uso de masmorras mas a condução da aventura por princípio é mais solta.
Seguem abaixo algumas perguntas sobre situações de jogo que nos deixam dúvidas na hora, de como mestre, reagir a elas.
1) Quando um ladrão entra numa sala e começa a investigá-la em busca de armadilhas, mas não há nenhuma armadilha nela, mesmo assim um Movimento será acionado?
O ladrão tem o movimento Especialista em Armadilhas. Caso algo fosse disparado seria ele e não Discernir Realidades. Mas Especialista em Armadilhas dispara quando o ladrão parar um momento para avaliar uma área perigosa. Se a área não for perigosa, pois não tem armadilha, o movimento não será disparado.
2) Caso haja uma armadilha num corredor e ninguém do grupo procura por armadilhas, o que acontece?
Um dos momentos onde o mestre pode ativar seus Movimentos é quando uma oportunidade de ouro aparece. Essa situação pode disparar um Movimento Pesado do mestre, no caso, causar dano ou usar o movimento de um perigo (a armadilha).
3) Há aventuras onde o mestre rola os dados para saber se um monstro ou grupo de monstros atacam os aventureiros num determinado local. Como isso poderia ser feito em DW?
O mestre ao descrever a cena deveria apresentar sutilmente um perigo eminente por meio no Movimento Mostrar sinais que uma nova ameaça está surgindo. Tomemos o seguinte exemplo: "Ao lado do caminho que leva à ponte levadiça há um poço de águas negras e fedorentas. Pequenas bolhas aparecem e logo espocam ao chegar na superfície. A ponte à frente está semi-recolhida. O que vocês fazem?" Caso ninguém peça aos outros para passarem bem longe do poço, teremos um Movimento Pesado, como tentáculos atacando os visitantes.
Outra coisa que poderia acontecer seria o mestre guardar o ganho de um Movimento Pesado anteriormente para usar agora, principalmente se seu grupo de jogadores é cauteloso.
4) Como seria um combate mais tático ao estilo da quarta edição do D&D?
Podemos exemplificar como funcionaria um combate em DW usando um encontro (A4: Local de Sepultamento) da aventura Fortaleza no Pendor das Sombras:
Mestre: - Uma cratera íngreme foi aberta em meio ao bosque. Quase no centro da depressão, diversas figuras humanóides estão aglomeradas em volta de uma pilha de ossos. Duas criaturas dracônicas se aninham em alerta na borda da cratera quando percebem vocês se aproximando. O que vocês fazem?
Ranger: - Eu armo meu arco e aponto para um deles.
Mago: - Eu conjuro Detectar Alinhamento para perceber o Mal neles.
Guerreiro: - Saco minha espada, pronto para a luta.
Mestre: - Mago, isso é Conjurar Feitiços. Role + INT (A soma da rolagem deu um 8, um sucesso
parcial). O que você escolhe?
Mago: - Mmmm, atraio atenção indesejável.
Mestre: - Não há dúvidas, Mago, que aqueles draconianos à frente de vocês são criaturas malignas e eles estão olhando agora para você com ódio nos olhos! Nesse momento alguém lá em baixo chama a atenção de vocês. É um gnomo e ele grita para vocês: "Vocês não vão conseguir perceber o que encontramos olhando aí de cima. Desçam aqui até os ossos de dragão e veja o que os trabalhadores acharam." O que vocês fazem?
Ranger: - Estou muito desconfiado. Tudo isso é muito estranho.
Mestre: - Isso tem cara de Discernir Realidades. É isso mesmo?
Ranger: - Com certeza, mestre.
Mestre: Role + SAB.
Ranger: - Vamos ver ... uau, um 12!
Mestre: - Você é muito perspicaz, Ranger. Faça-me 3 perguntas.
Ranger: - O que está para acontecer aqui agora?
Mestre: - O tom na voz trai o gnomo. Isso tem cara de armadilha.
Ranger: - Eu sabia! O que eu considero de útil ou valioso?
Mestre: - O gnomo acabou de encobrir algo atrás dele. Aquilo parece valioso.
Ranger: - Isso é bom demais. A última pergunta é o que não é realmente o que parece aqui?
Mestre: - O gnomo é um escavador e isso não é um piquinique.
Ranger: - Eu disparo minha flecha!
Mestre: - Você pegou o dragonete de surpresa. Role o dano. Espere! Você acionou o movimento Tiro ao Alvo. Vai causar o dano ou rolar + DES?
Ranger: - É um tiro na cabeça (escolhendo a segunda opção). Deu 10! Sou muito bom! Esse cara vai ficar atordoado e (rolou um 1d8) ainda sofre 4 de dano.
Mestre: - Sim, o draconiano cambaleou legal com essa seta na cabeça. Enquanto isso, o gnomo ordena aos draconianos que os matem. Mas só um deles faz uma carga contra vocês com a boca arreganhada, na verdade, na direção do guerreiro. O que você faz guerreiro?
Guerreiro: - É carga que ele quer? É carga que ele terá?
Mestre: - Caramba, isso vai ser lindo! Temos um Matar e Pilhar aqui.
Guerreiro: - Vamos lá, dadinhos, preciso de uma sorte melhor. (Triste jogada, um 4) Que porra! O que vai ser?
Mestre: - Você vai de encontro com ele com escudo à frente e espada em punho. O draconiano corre com as quatro patas e salta rente ao chão nas suas pernas, cravando uma mordida medonha. 5 de dano, guerreiro e você vai ao chão! Ah! E marque XP. Mago, você ver tudo isso, o que você faz?
Mago: - Cara, esse bicho ainda está olhando com um jeito estranho para mim. O guerreiro é só um aperitivo, eu sou o prato principal. Eu posiciono minhas mãos à frente e uma luz branca começa a nascer por entre elas. Míssil mágico!
Mestre: - Rola + INT, meu filho.
Mago: - (Rola 12) Que disparo limpo! Vamos ver o dano que esse bicho vai levar. (7 de dano) Ótimo!
Mestre: - O dragonete após morder e jogar o guerreiro pelos ares, corre em sua direção. Ele não gostou nada-nada daquela pertubação em sua mente. Mas durante o salto dele buscando o seu pescoço, seus olhos reptilianos se iluminam com a luz gerada por seu feitiço. O medo se instala neles por milissegundos antes do míssil queimar seu peito e projetá-lo para trás!
Mago: - Tá vendo aí, Guerreiro, com se faz?
Mestre: - Ranger, você viu o dragonete passar por você como um raio no rumo do guerreiro. Seu companheiro que você acertou ainda está cambaleando e com uma das patas tentando retirar a flecha do crânio. O que você faz?
Ranger: - Ainda pergunta? Eu saco a minha espada e junto com meu lobo parto para finalizá-lo.
Mestre: - Como você é mal, Ranger. Ele não vai se defender do seu ataque cruel. Role o seu dano.
Ranger: - Claro, pode deixar. 6 de dano.
Mestre: - O draconiano nem percebe quando a espada desce em arco, separando sua cabeça do tronco. E, Guerreiro, você finalmente levanta sua cara da poeira a tempo de ver um kobold com uma funda pronta para disparar algum projétil fumegante no Ranger. O que você faz?
Guerreiro: - Eu me levanto e corro para defender o Ranger. Isso é Defender, certo?
Mestre: - Sim. Role + CON.
Guerreiro. Ok. 7 é o que tenho. Gasto meu domínio para empurrar o Ranger e sofrer o ataque no lugar dele.
Mestre: - Sabe que isso pode custar a sua vida, não sabe?
Guerreiro: Eu sei. Meu alinhamento Bondoso me faz fazer essas coisas. Ai, ai.
Mestre: - Role 1d6+5. Ainda sofrerá com esse fogo se sobreviver.
Guerreiro: - Agora tenho 20 pontos de vida. Vou sobreviver. Foi um 8. Caramba! Que pancada!
Mestre: Sim, foi mesmo. O projétil fumegante ia na direção mas seu impulso heroico salvou o Ranger na última hora. Pena que não foi a tempo de salvar sua pele. O balaço acerta-lhe em cheio e ainda deixa você no chão pegando fogo.
Pessoal, por enquanto é isso. Outras questões devem aparecer, ao passo que leio o conteúdo completo da aventura. Pode ser que elas apareçam durante a aventura! Pode ser até que alguém comente esse texto e venha uma pergunta!
Atualmente o DW está entre meus sistemas favoritos quando a vontade é jogar fantasia medieval old school, ou seja, o estilo de RPG original do D&D. Recentemente, juntei um grupo para jogarmos Dungeon World e eu escolhi utilizar uma aventura pronta ao invés de eu mesmo fazer uma, como aconteceu numa campanha anterior em mundo próprio. A aventura escolhida foi a famosa The Temple of Elemental Evil.
Aventuras prontas tem a tendência de serem mais estáticas e darem mais trabalho ao mestre quando os jogadores fogem do script, digamos assim. DW também tem como um de seus pilares o uso de masmorras mas a condução da aventura por princípio é mais solta.
Seguem abaixo algumas perguntas sobre situações de jogo que nos deixam dúvidas na hora, de como mestre, reagir a elas.
1) Quando um ladrão entra numa sala e começa a investigá-la em busca de armadilhas, mas não há nenhuma armadilha nela, mesmo assim um Movimento será acionado?
O ladrão tem o movimento Especialista em Armadilhas. Caso algo fosse disparado seria ele e não Discernir Realidades. Mas Especialista em Armadilhas dispara quando o ladrão parar um momento para avaliar uma área perigosa. Se a área não for perigosa, pois não tem armadilha, o movimento não será disparado.
2) Caso haja uma armadilha num corredor e ninguém do grupo procura por armadilhas, o que acontece?
Um dos momentos onde o mestre pode ativar seus Movimentos é quando uma oportunidade de ouro aparece. Essa situação pode disparar um Movimento Pesado do mestre, no caso, causar dano ou usar o movimento de um perigo (a armadilha).
3) Há aventuras onde o mestre rola os dados para saber se um monstro ou grupo de monstros atacam os aventureiros num determinado local. Como isso poderia ser feito em DW?
O mestre ao descrever a cena deveria apresentar sutilmente um perigo eminente por meio no Movimento Mostrar sinais que uma nova ameaça está surgindo. Tomemos o seguinte exemplo: "Ao lado do caminho que leva à ponte levadiça há um poço de águas negras e fedorentas. Pequenas bolhas aparecem e logo espocam ao chegar na superfície. A ponte à frente está semi-recolhida. O que vocês fazem?" Caso ninguém peça aos outros para passarem bem longe do poço, teremos um Movimento Pesado, como tentáculos atacando os visitantes.
Outra coisa que poderia acontecer seria o mestre guardar o ganho de um Movimento Pesado anteriormente para usar agora, principalmente se seu grupo de jogadores é cauteloso.
4) Como seria um combate mais tático ao estilo da quarta edição do D&D?
Podemos exemplificar como funcionaria um combate em DW usando um encontro (A4: Local de Sepultamento) da aventura Fortaleza no Pendor das Sombras:
Mestre: - Uma cratera íngreme foi aberta em meio ao bosque. Quase no centro da depressão, diversas figuras humanóides estão aglomeradas em volta de uma pilha de ossos. Duas criaturas dracônicas se aninham em alerta na borda da cratera quando percebem vocês se aproximando. O que vocês fazem?
Ranger: - Eu armo meu arco e aponto para um deles.
Mago: - Eu conjuro Detectar Alinhamento para perceber o Mal neles.
Guerreiro: - Saco minha espada, pronto para a luta.
Mestre: - Mago, isso é Conjurar Feitiços. Role + INT (A soma da rolagem deu um 8, um sucesso
parcial). O que você escolhe?
Mago: - Mmmm, atraio atenção indesejável.
Mestre: - Não há dúvidas, Mago, que aqueles draconianos à frente de vocês são criaturas malignas e eles estão olhando agora para você com ódio nos olhos! Nesse momento alguém lá em baixo chama a atenção de vocês. É um gnomo e ele grita para vocês: "Vocês não vão conseguir perceber o que encontramos olhando aí de cima. Desçam aqui até os ossos de dragão e veja o que os trabalhadores acharam." O que vocês fazem?
Ranger: - Estou muito desconfiado. Tudo isso é muito estranho.
Mestre: - Isso tem cara de Discernir Realidades. É isso mesmo?
Ranger: - Com certeza, mestre.
Mestre: Role + SAB.
Ranger: - Vamos ver ... uau, um 12!
Mestre: - Você é muito perspicaz, Ranger. Faça-me 3 perguntas.
Ranger: - O que está para acontecer aqui agora?
Mestre: - O tom na voz trai o gnomo. Isso tem cara de armadilha.
Ranger: - Eu sabia! O que eu considero de útil ou valioso?
Mestre: - O gnomo acabou de encobrir algo atrás dele. Aquilo parece valioso.
Ranger: - Isso é bom demais. A última pergunta é o que não é realmente o que parece aqui?
Mestre: - O gnomo é um escavador e isso não é um piquinique.
Ranger: - Eu disparo minha flecha!
Mestre: - Você pegou o dragonete de surpresa. Role o dano. Espere! Você acionou o movimento Tiro ao Alvo. Vai causar o dano ou rolar + DES?
Ranger: - É um tiro na cabeça (escolhendo a segunda opção). Deu 10! Sou muito bom! Esse cara vai ficar atordoado e (rolou um 1d8) ainda sofre 4 de dano.
Mestre: - Sim, o draconiano cambaleou legal com essa seta na cabeça. Enquanto isso, o gnomo ordena aos draconianos que os matem. Mas só um deles faz uma carga contra vocês com a boca arreganhada, na verdade, na direção do guerreiro. O que você faz guerreiro?
Guerreiro: - É carga que ele quer? É carga que ele terá?
Mestre: - Caramba, isso vai ser lindo! Temos um Matar e Pilhar aqui.
Guerreiro: - Vamos lá, dadinhos, preciso de uma sorte melhor. (Triste jogada, um 4) Que porra! O que vai ser?
Mestre: - Você vai de encontro com ele com escudo à frente e espada em punho. O draconiano corre com as quatro patas e salta rente ao chão nas suas pernas, cravando uma mordida medonha. 5 de dano, guerreiro e você vai ao chão! Ah! E marque XP. Mago, você ver tudo isso, o que você faz?
Mago: - Cara, esse bicho ainda está olhando com um jeito estranho para mim. O guerreiro é só um aperitivo, eu sou o prato principal. Eu posiciono minhas mãos à frente e uma luz branca começa a nascer por entre elas. Míssil mágico!
Mestre: - Rola + INT, meu filho.
Mago: - (Rola 12) Que disparo limpo! Vamos ver o dano que esse bicho vai levar. (7 de dano) Ótimo!
Mestre: - O dragonete após morder e jogar o guerreiro pelos ares, corre em sua direção. Ele não gostou nada-nada daquela pertubação em sua mente. Mas durante o salto dele buscando o seu pescoço, seus olhos reptilianos se iluminam com a luz gerada por seu feitiço. O medo se instala neles por milissegundos antes do míssil queimar seu peito e projetá-lo para trás!
Mago: - Tá vendo aí, Guerreiro, com se faz?
Mestre: - Ranger, você viu o dragonete passar por você como um raio no rumo do guerreiro. Seu companheiro que você acertou ainda está cambaleando e com uma das patas tentando retirar a flecha do crânio. O que você faz?
Ranger: - Ainda pergunta? Eu saco a minha espada e junto com meu lobo parto para finalizá-lo.
Mestre: - Como você é mal, Ranger. Ele não vai se defender do seu ataque cruel. Role o seu dano.
Ranger: - Claro, pode deixar. 6 de dano.
Mestre: - O draconiano nem percebe quando a espada desce em arco, separando sua cabeça do tronco. E, Guerreiro, você finalmente levanta sua cara da poeira a tempo de ver um kobold com uma funda pronta para disparar algum projétil fumegante no Ranger. O que você faz?
Guerreiro: - Eu me levanto e corro para defender o Ranger. Isso é Defender, certo?
Mestre: - Sim. Role + CON.
Guerreiro. Ok. 7 é o que tenho. Gasto meu domínio para empurrar o Ranger e sofrer o ataque no lugar dele.
Mestre: - Sabe que isso pode custar a sua vida, não sabe?
Guerreiro: Eu sei. Meu alinhamento Bondoso me faz fazer essas coisas. Ai, ai.
Mestre: - Role 1d6+5. Ainda sofrerá com esse fogo se sobreviver.
Guerreiro: - Agora tenho 20 pontos de vida. Vou sobreviver. Foi um 8. Caramba! Que pancada!
Mestre: Sim, foi mesmo. O projétil fumegante ia na direção mas seu impulso heroico salvou o Ranger na última hora. Pena que não foi a tempo de salvar sua pele. O balaço acerta-lhe em cheio e ainda deixa você no chão pegando fogo.
Pessoal, por enquanto é isso. Outras questões devem aparecer, ao passo que leio o conteúdo completo da aventura. Pode ser que elas apareçam durante a aventura! Pode ser até que alguém comente esse texto e venha uma pergunta!
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