Robinson Crusoé - Relato de Viagem à Ilha Maldita
Relato
de Viagem à Ilha Maldita
Explorador
Dia
01
Nosso Barco naufragou a noite.
Cheguei nessa Ilha ao amanhecer, preso a algumas tábuas. Encontrei o Cozinheiro
ainda desacordado. O cachorro estava com ele. Fomos os únicos sobreviventes.
Trouxe comigo um cachimbo, o fumo não encharcou. O cozinheiro tinha alguns
biscoitos, será necessário para os próximos dias.
Essa Ilha Maldita nos arrastou até
aqui, agora precisamos cumprir nossa missão. Precisamos realizar o exorcismo,
construir uma cruz em cinco lugares diferentes. Ao leitor, saiba que não havia
outra escolha, ingressamos nesta expedição sabendo do risco.
Avistamos engradados de comida
fechados em uma praia um pouco distante. Montamos nosso acampamento próximo do
mar, temos opção de comida e madeira. O Cozinheiro foi buscar comida nos
engradados. Levei o cachorro para fazer uma exploração nos arredores. Encontrei
um Templo Negro, precisarei voltar para explorar com calma.
A tarde, sem o cachorro, encontrei
uma montanha e uma caverna. Também vi rastros de um animal. Acabei machucando o
joelho ao voltar. Encontrei algumas larvas, servirá para matar a fome.
O cozinheiro concordou em
transferirmos o acampamento para a caverna. Ao menos não passaremos a noite ao
relento. Hoje, incrivelmente havia muita comida, mas ela irá estragar. A noite
foi excepcionalmente escura.
Dia
02
Ao amanhecer havia uma névoa
terrível na ilha, densa e maligna. Não era possível ver nada além do
acampamento, será uma dificuldade a mais para exploração.
O cachimbo estava úmido, fumei um
pouco e segui na direção leste ao acampamento. Pela manhã segui com o cachorro.
Encontrei um Altar Macabro na montanha, acabei me ferindo em farpas e espinhos.
A tarde, fui com o cozinheiro, encontrei um região de colina. Consegui avistar
um animal, mas não o identifiquei. Encontrei cultistas escondidos, depois disso
a névoa se tornou ainda mais presente.
Trouxemos para o acampamento uma
cabra e algumas folhas grandes, além de um pouco de fumo que recolhi no
caminho. Dormimos na caverna. O cachorro latiu a noite inteira. A névoa tornou
a noite mais fria. Não sei como conseguiremos fazer a primeira cruz. Já temos a
madeira necessária.
Dia
03
A noite foi longa. Não consegui
dormir. O cachorro também estava inquieto. Estou bastante exausto, espero que
não prejudique as execução das tarefas. A névoa continua a se espalhar pela
ilha, cada vez mais densa e escura. Nós não estamos mais conseguindo comida e
madeira nos arredores da caverna, a névoa tomou conta de tudo.
O fumo mantém a moral elevada, ajuda
a passar o tempo e manter a atenção. Usei a manhã para explorar o Templo Negro
que encontrei no primeiro dia. Lá havia coisas úteis. Trouxe uma mochila, uma
rústica rede e uma caixa de madeira. O teto caiu quando sai, não terei como
retornar.
O Cozinheiro seguiu uma trilha
antiga que partia da caverna. Ele também passou a noite em claro, ficou
descansando no acampamento, seu esgotamento é visível. Segui com o cachorro
para explorar em volta. Antes realizei uma ação de reconhecimento, identifiquei
uma cachoeira. Há bastante madeira e peixes no lago. Também haviam sinais de
cultistas nos arredores. Eles estão nos observando, sempre que os vemos a névoa
se espalha. O trabalho tem se tornado mais difícil.
Não temos comida suficiente para a
noite. O Cozinheiro fez uma sopa com algo estranho, mas aqueceu e foi o
bastante para esquecer a fome. Ainda tínhamos alguns biscoitos.
Dia
04
A noite passada ocorreu uma
tempestade de raios. Em algum lugar próximo as árvores arderam em chamas. Precisaremos
buscar madeira em outro lugar. Hoje a névoa continua espalhando-se, não
conseguimos alimento ou madeira pela manhã.
Eu e o Cozinheiro fomos a um lugar
bastante distante do acampamento, levamos o cachorro para não nos perdermos na
volta. Já havia realizado o reconhecimento prévio da área, uma região
descampada com madeira e alguns rastros de animais selvagens. O cozinheiro
pegou algumas larvas comestíveis e ervas venenosas. Trouxemos ainda algumas
folhas de uma planta fibrosa, servirá para fazer uma corda.
Na volta encontrei uma misteriosa
adaga, seu cabo encrustado de pedras pontiagudas cortam a mão se segurada com
firmeza. Bastante afiada, a lâmina tinha marcas de sangue.
Percebi que havia um animal grande
nos seguindo. O frio correu na espinha, era um tigre. Tivemos a péssima ideia
de retornar para o acampamento. Agora ele sabe onde estamos.
O Cozinheiro organizou o acampamento
durante o resto do dia. Ganharemos mais um pouco de ânimo para o dia seguinte.
A noite comemos as larvas. Estavam deliciosas.
Dia
05
O cachorro nos acordou com os
latidos, ainda não havia amanhecido. Algum animal rondava o acampamento. Não
consegui identifica-lo, está a espreita, precisamos manter a atenção. A névoa
ainda ronda o acampamento, mais uma vez não conseguimos encontrar madeira e
comida.
Pela manhã tecemos a corda com as
folhas de ontem. A tarde continuei a explorar a ilha. O Cozinheiro e o cachorro
vieram também. Procurei algum lugar ao norte onde não tenha essa maldita névoa.
A tentativa foi inútil, também havia muita névoa. No lugar, onde corriam alguns
córregos, havia rastros de animais.
Fui atacado por um cachorro
selvagem, ele veio correndo em minha direção, mordeu minha perna e fugiu. As
coisas só pioram, estou perdendo a esperança. Encontrei um tronco partido, uma
caixa com ouro, que de nada servirá por aqui, e uma pequena cabra, certamente
utilizada para os rituais macabros que acontecem nessa ilha. Encontrei ainda
uma ferramenta que pode facilitar algum trabalho manual.
O animal atacou ao cair da noite,
era uma fera forte. Já estava escuro e eu não consegui ver nada além de
profundos olhos vermelhos. Utilizei a maldita adaga, não matei a besta. Ela
fugiu deixando um rastro de sangue. Agora estou com a mão ferida. Tivemos sopa
e carne hoje a noite. Nossa moral continua caindo.
Dia
06
Acordei com os raios. Muitas nuvens
se aproximam da ilha. Mais uma parte da ilha teve suas árvores queimadas. Não
sei onde conseguiremos a madeira necessária para fazer as cruzes. Essa névoa
ronda o acampamento tentando nos sufocar, fico cada vez mais fraco. Não
conseguimos colher nada em torno do acampamento. As nuvens se multiplicam sobre
o mar.
O Cozinheiro pegou a adaga e saiu a
procura do animal que nos atacou a noite. Ele voltou sangrando mas não quis
falar nada a respeito. Vi nos seus olhos um terror incomum, não sei que espécie
de bicho nos atacou.
Utilizei o couro da cabra para
tentar evitar que a chuva caia sobre nossas esteiras de dormir. O Cozinheiro
pegou a madeira e o rudimento de ferramenta que encontramos ontem e fez a
primeira cruz na porta da caverna. Ainda faltam outras quatro.
Estou bastante ferido, precisei
permanecer descansando no acampamento para me restabelecer. As nuvens não param
de chegar, o horizonte continua a escurecer, os próximos dias serão difíceis.
Tivemos muita chuva durante a noite.
Utilizamos uma folha grande, encontrada no primeiro dia, para bloquear um pouco
da chuva. O cozinheiro fez uma bebida estranha para nos aquecer. Ainda assim
não foi o suficiente. A comida encharcou. Tivemos uma noite de frio e fome.
Estou perdendo a esperança.
Dia
07
A noite nós ouvimos gritos e uma
forte colisão. Pela manhã encontramos um balão destruído e duas pessoas mortas.
Essa ilha atrai as pessoas para a morte. Nós não sairemos daqui com vida.
Estamos apenas tentando sobreviver. Sem dizer uma palavra, eu e o Cozinheiro
compartilhamos essa mesma certeza.
O dia começou difícil, falta força
de vontade para fazer qualquer coisa. O Cozinheiro saiu para caçar com o
cachorro e a adaga maligna. Encontrou algumas cabras selvagens e conseguiu
abatê-las. Trouxe comida para mais de um dia, e peles. Sua mão estava
ensanguentada, a adaga cobra seu preço.
A tarde fomos explorar a parte norte
da ilha. Encontramos mais névoa, não há um único lugar em que ela não esteja.
Era uma região montanhosa, rastros de animais estavam por todos os lugares. Os
cultistas nos observavam de longe. Havia uma caverna, mas não sei se adianta
transferir o acampamento.
A noite chegou junto com a chuva.
Conseguimos nos aquecer com alguns bambus que trouxemos da incursão. Só havia
comida para um, o cozinheiro cedeu-me, ele está em melhores condições. Nunca
estivemos com a moral tão baixa.
Dia
08
Eu fui até o balão que vimos ontem,
encontrei um mapa antigo, deve ter alguma utilidade.
O Cozinheiro saiu mais uma vez com o
cachorro e a adaga, ele acabará morrendo se continuar a usá-la. Contou-me que
encontrou um cão selvagem, trouxe comida e pele. Com as ervas que havia colhido
fez um unguento para uma de suas feridas.
A tarde o cozinheiro tentou
organizar o acampamento na tentativa de elevar a moral. Eu estou muito ferido,
meu joelho ainda dói bastante. Precisei descansar.
Esta noite está chovendo bastante,
faz muito frio. Não temos madeira para nos aquecer. O Cozinheiro fez mais uma
vez aquela bebida estranha, parece um fermentado alcóolico de frutas podres.
Mas não é suficiente para esse frio. Sinto a névoa me sufocando. Creio que para
mim não haverá amanhã.
Dia
09
Cara, gostei tanto de seu post, que apesar de já tê-lo jogado, deu muita vontade de comprá-lo. Parabéns
ResponderExcluirFico feliz que tenha gostado. Obrigado
ExcluirExcelente narrativa
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