Mysterium - o relato de um encontro com o sobrenatural

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Era uma noite de sábado no ano de 1920. Para muitos, uma noite de brincadeiras. Para as cinco pessoas reunidas naquela mansão, era uma chance única. Noite do Samhain, vulgarmente chamado de Halloween. Essa é, na verdade, a única noite no ano em que as portas ao mundo sobrenatural se abrem, e quando temos a chance de falar com aqueles que já se foram.

Semanas antes eu recebi uma carta de meu caro amigo Conrad Mac Dowell. Coisas estranhas estavam acontecendo na mansão que ele recebeu como herança de família. Conrad estava certo de que estas coisas tinham a ver com a morte de um empregado da família, trinta anos antes. Pelo pouco que pude entender da carta, o fantasma do empregado estava ainda na mansão, e só com a nossa ajuda ele poderia se libertar.

Claro que eu não poderia negar esse pedido. A amizade que tenho com Conrad é de longa data, e ele já me ajudou em situações complicadas. Arrumei as malas e na manhã do sábado estava chegando na mansão.

De todos os convocados para esta noite especial, apenas a cigana espanhola Alma Salvador não pode comparecer. Alphonse de Belcour, um numerólogo francês, o otomano Ardhashir, a cartomante americana Jessalyn Smith, além do próprio Conrad (ele mesmo especialista em bolas de cristal) estavam presentes. Eu, Madam Wang, chinesa especialista no I-ching, completei a mesa. E agora, irei relatar pra vocês a nossa aventura espiritual.

Nos reunimos na mesa de jantar da mansão às 20h. Tínhamos apenas oito horas para fazer contato com o fantasma e descobrir o que realmente aconteceu na noite da sua morte. E havia uma restrição: o fantasmas não podem falar com os vivos. Tudo o que eles podem fazer pra nos ajudar é enviar visões que nem sempre são esclarecedoras. Algumas são embaçadas, outras muito rápidas. Tínhamos que estar atentos e com todos os sentidos voltados à solução deste problema.

Na primeira hora, o fantasma mandou poucas visões para cada um de nós. Eu mesma não consegui identificar com precisão as imagens que o fantasma me enviou, e não soube dizer quem seria um suspeito em potencial. Nossos amigos Ardhashir e Alphonse tiveram melhor sorte (ou competência) e logo entenderam de quais suspeitos o fantasma falava. Fomos para a segunda hora.

Durante a segunda hora, a tensão começou a atrapalhar nossas habilidades mediúnicas. Nenhum dos que estavam na mesa conseguiu interpretar com precisão as visões do fantasma. Nem mesmo o otomano e o francês, que a essa altura já tentavam descobrir os prováveis locais do crime. A sensação de frustração era grande, mas não podíamos desistir. Logo chegou a terceira hora.

A terceira hora foi um misto de alegria e frustração. Conseguimos avançar bastante. Eu finalmente abri os olhos e a mente, e interpretei corretamente as visões do fantasma. Identifiquei um suspeito. Já Alphonse e Ardhashir identificaram prováveis locais do crime, e avançaram. Mas a frustração permaneceu com Conrad e Jessalyn. Nenhum dos dois havia avançado em nada. Começávamos a ficar sem tempo. Era o início da quarta hora.

Enfim, avanços reais!!! Começamos a ficar animados vislumbrando a real possibilidade de libertar o fantasma. Conrad e Jessalyn conseguiram identificar os suspeitos a partir das visões enviadas pelo fantasma. Ufa!!! Eu confesso que estava ficando preocupada. Ainda assim, consegui identificar mais um dos locais prováveis do crime. Faltava pouco pra mim e para o numerólogo Alphonse. O otomano a essa altura já identificara uma das prováveis armas e nos aguardava. Começamos assim a quinta hora.

Talvez por termos evoluído bem nas últimas horas, chegamos à quinta empolgados. O próprio fantasma parecia estar animado (se é que isso é possível) com a possibilidade de se libertar deste mundo e nos mandou visões claras, Todos conseguimos interpretar corretamente as visões. Eu logo identifiquei uma das prováveis armas, junto com meu amigo francês, enquanto que Jessalyn e Conrad identificaram corretamente locais suspeitos. Fomos à sexta hora bem animados. Faltava quase nada.

Essa animação na sexta hora foi fatal, Faltava apenas Conrad e a cartomante Jessalyn identificarem possíveis armas. E foi um fracasso. As visões do fantasma foram fracas, as habilidades de interpretação não foram bem usadas, e uma hora inteira não foi o suficiente para que eles identificassem alguma coisa corretamente. A preocupação voltou, Só nos restavam duas horas.

Chegamos assim à sétima e penúltima hora. Nossas chances ainda estavam boas, mas não podíamos nos animar demais e deixar essa animação nos atrapalhar, como aconteceu na hora anterior. Concentração é a chave na nossa profissão, não podíamos esquecer disso. Foi com esse pensamento forte e centrado que Conrad Mac Dowell e Jessalyn Smith receberam visões do fantasma indicando possíveis armas. E dessa vez, sem surpresas ou sustos, ambos conseguiram interpretar bem as visões.

Em sete horas tivemos sucesso na interpretação das visões que o fantasma enviara. Mas ainda faltava a última e mais importante mensagem. O fantasma nos mandaria apenas três visões desta vez, pois já estava cansado e o tempo estava se esgotando. Precisaríamos mais do que nunca usar nossos conhecimentos e habilidades para chegar à conclusão correta, ou então todo o trabalho que tivemos nessas sete horas teria sido em vão.

Após alguns minutos de espera, recebemos três visões do fantasma, mas todas vieram, por assim dizer, encobertas. Não eram visões livres, como as anteriores. Alguns de nós gastaram muita energia nas horas anteriores, e não tinham acesso a todas as visões. Precisávamos selecionar, e selecionar bem. Alguns, de tão fracos que estavam, só puderam ver uma das três visões enviadas. Era um problema.

Não posso dizer que estava com minhas energias totais à disposição, mas não estava tão debilitada. Assim, consegui acessar duas visões, e uma delas foi o suficiente para acabar com quaisquer dúvidas que ainda haviam. Chegamos a um consenso e perguntamos ao fantasma se era aquela mesma a solução do caso. Em uma última manifestação espiritual, aquela pobre alma confirmou que estávamos certo, e pudemos sentir aquele espírito abandonando de vez nosso mundo. Estava finalmente livre para descansar em paz. Cumprimos nossa missão!
A solução do caso: o médico cometeu o crime...
... no cemitério...
... usando uma frigideira (inimaginável)!!

No dia seguinte nos despedimos felizes. A sensação do dever cumprido era clara na expressão de felicidade em cada rosto. Agora cada um se separava, indo para novas missões em seus países natais ou pelo mundo. Eu mesma não tinha um local exato para ir. Ouvi dizer que espíritos de seres malignos assombravam o asilo Arkham. Pode ser que eu faça uma visita ao local.


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Esta partida de Mysterium foi jogada no dia 1º de abril de 2017. Pablo Lage jogou como o otomano Ardhashir, João Felipe como Conrad Mac Dowell, Danilo como Alphonse de Belcour, Clara como Jessalyn Smith e eu, Carlos CH, como Madam Wang. Ah, e claro, a nossa fantasma Astrid. Uma excelente e impaciente fantasma, eu diria.

Comentários

  1. Respostas
    1. Valeu, garoto!!
      Já disse que foi inspirado no seu, hehehe.

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  2. Inspirado que gerará outras inspirações. Parabéns pelo relato dramatizando!

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    1. Foi interessante. Outros jogos que sigam a mesma linha, tentarei fazer do mesmo jeito.

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